"Terra de Tauá": imagens cotidianas da semiosfera amazônida por um olhar desnaturalizado




Carolina Maria Mártyres Venturini [!]



“Terra de Tauá” registra o cotidiano cultural identitário da família agrícola ribeirinha da Comunidade de Campo Limpo, no Ramal do Bom Jesus, em Santo Antônio do Tauá, Pará, Brasil, Amazônia. A origem do nome do município deve-se à escolha do padroeiro - Santo Antônio de Pádua, cuja imagem em estilo barroco foi introduzida em 1901 pelo grupo de nordestinos assentados às margens do igarapé Tauá, palavra esta que, na língua indígena tupi, significa barro amarelo; minério (argila) usado para confecção de peças de cerâmica, e abundante na beira dos rios da região. Rios estes, de grande importância à formação dos ribeirinhos amazônidas em seu processo de adentramento e assentamento populacional no período de colonização portuguesa, pois, por seu meio de locomoção em barcos, pelas “estradas de água”, se fazia a escolha de terras altas, equidistantes entre os aglomerados rurais.

O projeto busca contribuir como formato diferenciado de observação, pesquisa, e análise às Ciências Sociais, pelo uso da imagem fotográfica como instrumento qualitativosubjetivo, a captar características sócio-culturais e processos de desenvolvimento do modode- ser da comunidade agrícola ribeirinha, diante suas relações interculturais no espaço-tempo. A imagem fotográfica e suas formas de composição imagética em confluência a determinadas categorias de análise social, aprimoraram o estudo da linguagem visual cultural. Para captura das imagens, inicialmente foi utilizado equipamento fotográfico analógico em configuração manual sob objetiva de 35mm a 70mm, registrados em película 35mm P/B (monocromática).

Desnaturalizar o olhar proporcionou uma reflexão acerca dos olhares lançados sobre as imagens que o cotidiano do agricultor e sua família revelaram, de como estas imagens se constituíam em reflexos da nossa própria prática e, consequentemente, de nós mesmos; uma análise daquilo que negamos do outro e ao outro, e que usamos para transformar todos em um só; o que poderia significar a intenção de tornar invisível ou “visivelmente normal” alguma situação, que, sendo antes visível, ‘incomodava’ ao olhar.

Apresentamos em ensaio fotográfico , a comunidade 2 do Campo Limpo em seu cotidiano no espaço-tempo registrados em seus traços identitários sócio-culturais tradicionais frente ao desenvolvimento e à globalização.




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