Seção Ensaios

Heraldo Maués

Raimundo Heraldo Maués, ou simplesmente Heraldo Maués como costuma a ser chamado pelos colegas e alunos da Faculdade do Centro de Humanas e Filosofia, local onde trabalha há mais de trinta anos, sem sombra de dúvida é um dos maiores antropólogos da Amazônia, com uma vasta produção intelectual, de projeção nacional e internacional atuando especialmente no campo da Antropologia da Religião e da Saúde com dezenas de publicações entre livros e artigos esse pesquisador e seus trabalhos são uma referência fundamental e se constituem em leitura obrigatória para aqueles que desejam, por exemplo, se aventurar a conhecer um pouco mais acerca da história da Igreja Católica, do catolicismo popular na nossa região, especialmente do Estado do Pará, bem como com movimentos e comunidades religiosas no cenário atual, como é o caso da Renovação Carismática Católica. Contudo, sua pesquisa não se limita apenas ao catolicismo em suas diversas faces, mas também mergulham no universo de outras crenças, como a pajelança cabocla vivida por comunidades ribeirinhas no interior do Estado. Não obstante, seu universo de pesquisa ultrapassa as fronteiras do religioso, ao estabelecer uma conexão com práticas religiosas de cura. Sua trajetória acadêmica se confunde com a história da própria Antropologia paraense, sendo junto com outros nomes de peso, como Eduardo Galvão, Napoleão Figueiredo, Anaíza Vergolino, Angélica Maués, entre outros intelectuais, um dos precursores da Antropologia local e um dos fundadores do antigo departamento de Antropologia da UFPA. Tendo se graduado em História, Maués trouxe para dentro do debate antropológico, as marcas da sua formação de historiador fazendo, de forma inicial e precursora o que se convencionou denominar atualmente no campo acadêmico de etno- história. Esse diálogo está presente nas inúmeras obras escritas por esse autor, no qual consegue como poucos dinamizar o texto etnográfico costurando-o com o olhar de historiador. Finalmente, não poderia falar de Heraldo Maués, sem mencionar o grande professor, mestre e orientador, que vêm ao longo das últimas décadas formando gerações de pesquisadores e intelectuais que como eu tem se espelhado em sua bela e rica trajetória humana e acadêmica.

Texto: Patricia Guilhon