“Está chovendo homem”
Strip-tease, masculinidades e performances de gênero no filme Magic Mike.

Francisco Moreira Ribeiro Neto [!]
Milton Ribeiro [!]


Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar as representações de gênero e masculinidades nos shows de strip-tease do filme Magic Mike (2012), do diretor Steven Soderbergh. Esse filme nos mostra como os strippers masculinos acionam e (re)produzemos diversos ideais masculinos mais valorizados socialmente para encenados nos shows com ajuda de músicas, gestos, fantasias e performances gênero, o que evidencia o caráter imitativo e performativo do gênero e sexualidade para encená-los. Para tanto, utiliza-se teorias de gênero, sexualidade e masculinidades para interpretar esses personagens e suas performances.

Palavra-chave: Cinema; Steven Soderbergh; Shows;Masculinidades e Performances de gênero.



Abstract

This article aims to analyze the representations of gender and masculinities in strip shows the movie Magic Mike (2012), by director Steven Soderbergh. This film shows us how male strippers trigger and (re) produce the most diverse valued masculine ideals socially for staged the shows with music help, gestures, costumes and performances genre, which highlights the imitative and performative nature of gender and sexuality to enact them. For this, gender theories is used, sexuality and masculinity to interpret these characters and their performances.

Keywords: Cinema; Steven Soderbergh; Shows;Masculinities and performances of gender.





Visualizar Artigo
Arquivo em PDF





“Está chovendo homem”
Strip-tease, masculinidades e performances de gênero no filme Magic Mike.

Francisco Moreira Ribeiro Neto [!]
Milton Ribeiro da Silva Filho [!]

Cinema & Strip-tease

Ir ao cinema para assistir determinado filme não é somente ir ao cinema, pois há toda uma maquinaria por trás disso que nos impulsiona para o escurinho da sala de projeção, que vão das revistas e sites especializados em cinema a festas de premiações como o Oscar. O primeiro filme rodado comercialmente ocorreuem 28 de dezembro de 1895, pelos os irmãos Lumière, chamado A chegada de um trem na Estação deLa Ciotat (1895), nele havia imagens de uma locomotiva em movimento, o que parecia verdadeiro aos olhos do público, até então inexperiente com essa tecnologia.

O cinema, visto como uma das grandes indústrias de entretenimento da atualidade vem fascinando plateias de diferentes épocas e lugares, que se multiplica em vários temas como o envolvimento erótico-sexual entre os amantes do filme Corpos Ardentes (1981), na forma como a sociedade aceita ou repudia as diferenças como visto no filme Edward, mãos de tesoura (1991), ou na força da tradição como organizadora de nossas vidas como observado no filme O tigre e o Dragão (2001).

Não obstante, a partir da década de 1960, o cinema hollywoodiano intensificou a exibição do sexo e da sexualidade em seus filmes, isso porque mudanças nos costumes sexuais vêem ocorrendo há tempos. Essas mudanças estiveram atreladas ao movimento feminista (1960/70), que repetiu nas telas do cinema como o filme A Primeira noite de um Homem (1967) ou O Último tango em Paris (1972), influenciando mudanças significativas de entendimento em relação ao sexo, aos corpos e às sexualidades, assim como, as representações sobre seus desejos e práticas sexuais, mostrando, além disso, outras formas de se vivenciar as sexualidades como homossexualidades, lesbianidades, transexualidades, entre outras, seja no cotidiano, seja nas telas do cinema.

Nesse sentido, Guacira Lopes Louro (2008, p. 82), nos diz que os filmes, ao misturarem cinema e sexualidade, nos convocam a olhar as pedagogias culturais que eles exercem sobre suas plateias, tomando esta sexualidade como um dispositivo que não está circunscrito nas tramas da biologia, mas sim, nas construções sociais em que se (re)produzem culturalmente através da linguagem, corpos, gestos e rituais transmitidas nas imagens, afirmando que,

Os significados que se atribuem as identidades, jogos e parcerias sexuais são situadas e disputadas historicamente e, ao longo dos tempos, nos filmes, posições-de-sujeitos e práticas sexuais e de gênero vem sendo representadas como legítimas, modernas, patológicas, normais, desviantes, impróprias, perigosas, fatais, etc.. (LOURO, 2008, p.82).

O cinema hollywoodiano, continua a autora, foi eficaz nessa construção de mocinhas ingênuas, mulheres fatais, heróis e vilões, cujo público, através da “linguagem cinematográfica” era mobilizado para “dirigir seu olhar”, construindo “simpatias e repúdios”, aprendendo, com isso, a decodificar essa linguagem e a torcer pelo sucesso ou fracasso deste ou daquele personagem que mais se identificavam com eles.

Nesse ínterim, foi nessa quebra de costumes sexuais e “novos” costumes que, segundo Linda Williams (2012), os filmes passaram “a mostrar mais sexo do que antes”, já que foi a partir dessa época (1960/1970), que essas imagens tornaram-se mais estabelecidas para o mundo em que vivemos, destacando que uma “reorganização fundamental” entre o público e privado estava ocorrendo, cujas linhas que as separavam estavam/estão em constante (re)negociações, modificando formas de pensar, agir e de representar as sexualidades fora e dentro do cinema.

Isso porque, como complementa, Jean Claude Bernadet (2012), “quando um tema polêmico como sexo e sexualidade é abordado por um grande produtor de filmes destinado a amplo consumo é porque este tema já foi bastante absorvido pela sociedade, já deixou de ser tão polêmico” como é perceptível no filme escolhido para este trabalho Magic Mike (2012), uma vez que potencializa um tema ainda pouco visto nas telas do cinema, o strip-tease masculino e, que vem encontrando grande receptividade do público em geral[1].

Por isso, torna-se interessante pensar no entrelaçamento entre mudanças sócio-sexuais e o cinema, já que os filmes nos possibilitam visualizar (etnográfica, metodológica e interpretativamente), dispositivos históricos que demarcam, em cada época e lugar, nossos gostos, entendimentos e aceitações sobre a exibição dos corpos e sexualidades como, por exemplo, nos filmes de strip-tease:9 ½ Semanas de amor (1986)[2], Showgirl (1996), Striptease (1996), Ou tudo ou nada (1997), Show Bar (2000), Closer: perto demais (2004) e Magic Mike (2012), entre outros, que nos ajudam a pensar no que vem sendo produzidas no cinema sobre o tema e como as feminilidades, masculinidades e a (re)produção das sexualidades vem sendo mobilizadas para o público sob o signo do strip-tease no cinema.

O Strip-tease no cinema de Steven Soderbergh

A partir dessas mudanças representacionais de gênero e sexualidades nos filmes, o cinema multifacetado do diretor Steven Soderbergh, imagem abaixo, se insere, nos possibilitando perceber em sua filmografia, como vem traçando, sob várias óticas e temas, seu olhar cinematográfico sobre a cultura norte-americana ao longo de sua carreira, a exemplo do filme Magic Mike (2012).

Imagem 1: O diretor Steven Soderbergh dirigindo os atores no set de filmagem do filme Magic Mike.

O diretor Steven Soderbergh dirigindo os atores no set de filmagem do filme Magic Mike

Fonte: Google Imagens, 2014.

Esse diretor nasceu em Atlanta, em 14 de janeiro de 1963, sendo filho de pai professor e mãe dona de casa, que logo cedo se envolve com o cinema. Soderbergh entrou no mundo da direção quando dirigiu um espetáculo da banda de rock Yes (1986), o que lhe rendeu indicação ao Grammy[3]. Posteriormente dirigiu o filme Sexo, Mentiras e Videotape (1989), tornando-se o diretor mais jovem a ganhar a Palma de Ouro[4]. Além disso, é conhecido desde muito jovem a ter várias funções dentro de um mesmo filme como a função de diretor, diretor de fotografia e/ou de elenco, entre outros, o que lhe proporciona conhecer na prática todo o processo de se fazer um filme, atitude pouco comum entre os diretores hollywoodianos.

De lá para cá, vem acumulando prêmios e respeito entre aos críticos de cinema como sua extensa filmografia nos mostra, assim como, suas duas indicações a categoria de melhor diretor, em um mesmo ano, para o Oscar pelos filmes Erin Brockovich: uma mulher de talento (2001) e Traffic (2001), levando a estatueta de melhor diretor por Traffic. Ele é o terceiro diretor a possuir essa particularidade em sua carreira, sendo o primeiro Victor Fleming por E o vento Levou...(1939) e O Mágico de Oz (1939), o segundo Francis Ford Copolla por A Conversação (1974) e O poderoso Chefão: Parte II (1974).

Soderbergh vem, ao longo desses quase trinta anos de carreira, produzindo filmes com diferentes temáticas como os dramas já mencionado se outros como a ficção cientifica Contágio (2001), a biografia Che: a guerrilha (2008), a comédia Onze homens e um segredo (2001), entre outros.

Esse diretor possui filmes com temáticas que envolvem gênero e sexualidade, tematizado sobre assuntos diversos também dentro deste último aspecto, mostrando-nos vários modelos de relacionamentos, identidades, estigmas e subversões aos modelos e padrões vigentes como no filme Sexo, Mentiras e Videotape (1989), Eros (2004),Confissões de uma Garota de Programa (2009),Minha Vida com Liberace (2013) e Magic Mike XXL(2015).

Em Magic Mike (2012), filme escolhido para essa interpretação fílmica, o diretor nos convoca o olhar para um tema ainda pouco visto no cinema, o strip-tease masculino, mostrando-nos relações de construções e (re)produções de gênero e sexualidade entre homens em torno dos ideais masculinos para serem vendidas nos shows de strip-tease do clube Magic Mike.

Como pano de fundo dessa produção, o autor conta a história de um clube de strip-tease masculino (Magic Mike), só para mulheres, localizado na cidade de Tampa, no Estado da Flórida nos Estados Unidos (EUA). Neste Clube, homens strippers se fantasiam de marinheiros, soldados de guerra, tarzans, médicos, cowboys, entre outros, mexendo com o imaginário erótico feminino quando sensualizam os ideais masculinos no palco em troca de “dinheiro, mulheres e diversão”, como nos diz o personagem Mike (Shanning Tatun), que se despe nos shows para a plateia feminina[5], que vai ao clube para se divertir e consumir esses homens e suas performances[6] “hétero-másculas”,onde pagam para que esses corpos cheguem à nudez total.

Imagem 2: Um dos Pôsteres do filme Magic Mike (2012).

Um dos Pôsteres do filme <i>Magic Mike</i> (2012)

Fonte: Google Imagem, 2014.

O filme tem como principais personagens masculinos Mike (Shanning Tatun), Adam (Alex Pettyfer), Dallas (Matthew McConaughey), Big Dick Riche (Joe Manganiello), Ken ou Boneco Ken (Matt Bomer), Tito (Adam Rodrigues), Tarzan (Kevin Nash) e o DJ (Gabriel Iglesias), que estão envolvidos com o clube de strip-tease masculino Magic Mike.

Como principais personagens femininos o filme nos apresenta Brooke (Cody Horn), Joanna (Olivia Munn), Zora (Riley Keough), Ken’s Girlfriend (Mircea Monroe), Tara (Wendi McLendon-Covey), Girl in Line (Avery Camp) e Birthday Girl (Camryn Grimes), entre outras, que fazem parte da vida desses homens como parentes, namoradas ou consumidoras desses corpos.

Dos personagens descritos anteriormente, o filme tem como protagonistas o stripper Mike (Shanning Tatun), que está próximo dos 30 anos, não possui estudo e que é um stripper de uma casa noturna durante a noite, gerenciada por Dallas (Matthew McConaughey), onde dança, pula, simula fazer sexo e senta no colo das mulheres, isso para manter o seu alto padrão de vida regada a bebidas e mulheres. Mas, além disso, durante o dia, Mike, sob o nome de Michael é marceneiro de construção de imóveis e planeja algum dia abrir sua própria empresa de móveis fabricados sob medida, estando neste segmento, strip-tease, segundo o mesmo, para conseguir realizar esse sonho.

Essa vida dividida entre o dia e a noite se altera quando conhece Adam (Alex Pettyfer), um garotão de 19 anos, que abandonou uma bolsa de futebol americano em uma universidade, não tem emprego fixo e mora com sua irmã mais velha Brooke (Cody Horn), que é enfermeira e que, diferente de Adam, aparenta ter uma vida estável e estabelecida. Adam procura um trabalho na construção civil onde Michael (Mike) está trabalhando, não tendo experiência nesta área, mas Michael lhe ensina o trabalho e quando seu carro dá problema, este lhe concede uma carona até sua casa.

À noite, Adam sai de um jantar enfadonho com sua irmã e seu namorado, indo parar na fila de uma casa noturna chamada Amphitheater (Anfiteatro), uma boate com um público variado, que fica próxima do clube Magic Mike. Mike está prestes a entrar nessa boate e quando Adam o vê pede para entrar com ele.

Mike diz que por ele sim, mas talvez fosse impedido de entrar pelos seguranças, pois trajava camisa com capuz vermelho, calça jeans e tênis, enquanto Mike usava calça jeans, camisa manga longa e sapatos estilo social. Mike (Shanning Tatun), em seguida, negocia sua entrada na boate, sinalizando que Adam estava com ele, dizendo Mike que ele, Adam (Alex Pettyfer), iria “lhe dever” por isso, “dever e pagar com qualquer coisa”.

Imagem 03: Adam (Alex Pettyfer) e Mike (Shanning Tatun) na boate Anfiteatro do filme Magic Mike.

Adam (Alex Pettyfer) e Mike (Shanning Tatun) na boate Anfiteatro do filme <i>Magic Mike.</i>

Fonte: Google/Site Oficial do filme Magic Mike, 2014.

Na boate Anfiteatro, Adam fica fascinando pelas mulheres que passam por ele. Mike o apresenta como um “novo recruta” para algumas mulheres, que já sabem o que Mike faz na noite. Mike percebe que Adam tem um “certo” potencial para entrar neste mundo do strip-tease masculino.

Elas o acham bonito, dizendo elas que as “coroas vão amar”, se referindo a Adam como aquele que teria os atributos corporais (corpo magro e branco), de sexualidade (hétero) e de identidade de gênero (masculina/masculinizada) como componentes necessários para subir e ser desejado no palco do Magic Mike.

Em seguida, Adam, a mando de Mike, vai conversar com duas garotas: Girl in Line (Avery Camp) e Birthday Girl (Camryn Grimes), sendo que, esta última estava fazendo aniversário naquela noite. Adam começa a conversar com as garotas quando Mike chega junto do trio e as convida para o show que fará em alguns minutos, o rosto de Adam ao olhar o folheto-convite do show muda de feição para um semblante de surpresa/espanto, inclinando seu olhar para Mike como se perguntasse (que porra é essa?), já que não tinha percebido que Mike trabalhava como stripper, o que não daria para perceber, pois o local, as roupas, os gestos de Mike na boate Anfiteatro não condiziam com a encenação masculina que ele faz no palco do Magic Mike, pois neste ambiente, há todo um arranjo (músicas, fantasias, gestos e nudez) para que a plateia chame os strippers de strippers.

Chegando ao Clube de mulheres, Mike (Shannig Tatun) apresentaAdam (Alex Pettyfer) àDallas (Matthew McConaughey), como o garoto que o ajudou a trazer “9 garotas para o show de hoje”, pensando em ajudá-lo com algum trabalho no Clube.

Na conversa Mike e Dallas, este o rejeita primeiramente, mas depois de conversar/discutir rapidamente com Mike sobre o que ele faria lá, diz para ele (Adam) fazer o que Mike lhe mandasse. Adam, em seguida é levado para o camarim do clube, onde os strippers se montam para os shows, sendo apresentado a outros integrantes do clube, que fazem uma brincadeira com ele para descontrair.

A brincadeira é feita por Tarzan (Kevin Nash), que pede para que ele passe um óleo na sua perna. Adam estranha inicialmente e pensa que é brincadeira, porém, Tarzan lhe diz que não é. Então, ele começa a passar o óleo na perna do Tarzan, fazendo com que todos riam da situação, que parece ser um primeiro teste de desprendimento para o que seria permitido ou não fazer neste clube de homens como tocar ou quanto tocar outro homem, ficar nu em frente a outro homem, sem com isso “perder” sua masculinidade entre eles e entre eles e a plateia.

Em seguida, os seis strippers se apresentam num show, sendo que outro personagem seria “encenado” numa performance solo, o personagem Tarzan (Kevin Nash), mas como o seu protagonista havia bebido muito e não conseguia fazer o show, os outros strippers foram indagados por Dallas se não poderiam realiza-lo, já que a plateia estava esperando lá no palco. Eles não se sentiam preparados para realizar o performance com a temática do Tarzan, pois não tinham treinado esta cena, assim como, não tinham outro show que já tivessem feito para encená-la novamente no palco.

Mike, como um dos organizadores do show junto a Dallas, não pensa duas vezes e cobra o favor que fez anteriormente a Adam, colocando-o no palco para tirar a roupa, dançar, seduzir e ganhar algum dinheiro. Ele é literalmente jogado no palco por Mike, que ri da sua inexperiência e espanto diante da plateia atrás da cortina.

Adam, apesar de ter acabado de assistir um show dos strippers no Magic Mike, não sabe o que fazer inicialmente no palco. Adam olha a plateia nervosamente, imagem abaixo, e vai se despindo num estilo adolescente/criança, o que é contestado por Dallas (Matthew McConaughey), quando o ensina a dançar posteriormente, isto é, como alguém com uma masculinidade trivial, que não precisa encenar objetivamente os ideais masculinos para ganhar dinheiro neste trabalho como fazem os strippers.

Imagem 04: Adam (Alex Pettyfer) “perdendo a virgindade” no palco do Magic Mike.

Adam (Alex Pettyfer) “perdendo a virgindade” no palco do Magic Mike.

Fonte: Google Imagens, 2014.

Meio envergonhado vai conseguindo fazer o show sob o olhar de Dallas, que vai lhe apontando como fazer e até onde ir, isto é, o quanto tirar a roupa no palco para em seguida se misturar à plateia, conseguindo fazer o show como ilustrado na imagem abaixo.

Imagem 05: Adam (Alex Pettyfer) se despindo para a plateia do Magic Mike.

Adam (Alex Pettyfer) se despindo para a plateia do Magic Mike.

Fonte: Google/Site Oficial do filme Magic Mike, 2014.

Em seguida Adam, imagem abaixo, desce do palco aondevai se despindoe vai ao encontro da plateia como os outros strippers o fazem. Aos poucos, consegue o que os outros strippers se propõem ao subir ao palco, isto é, ser desejado, seduzir a plateia com gestos e músculos e ganhar dinheiro, o que em outro ambiente (vida cotidiana), levaria mais tempo como o trabalho que exercia temporariamente na construção civil.

Imagem 06: Adam (Alex Pettyfer) fazendo show de strip-tease junto à plateia do Magic Mike.

Adam (Alex Pettyfer) fazendo show de strip-tease junto à plateia do Magic Mike.

Fonte: Google/Site Oficial do filme Magic Mike, 2014.

Com esse show, Adam (Alex Pettyfer), consegue seu espaço entre os dançarinos do Clube. Para tanto, passa a incorporar outros modelos de masculinidades que não faziam parte de seu repertorio de gênero masculino para, em seguida, encená-los nos shows do Magic Mike, o que os strippersDallas (Matthew McConaughey)e Mike (Shanning Tatun), lhes ensinam ao longo do filme.

Strippers, Masculinidades e Performances de Gênero no Magic Mike.

Para ser/estar um stripper uma gama de atividades se fazem necessárias como preparar os corpos na academia (musculação), aprender a dançar, seduzir, adquirir cuidados corporais (depilação), comprar fantasias e outros, o que o mais novo dançarino, Adam (Alex Pettyfer), já o fizera junto com outros strippers, estando preparado para performar/parodiar os ideais masculinos no palco do Magic Mike, cujo público feminino vai ali para desejá-los e tocá-los com seus olhos e mãos[7].

Nos shows, o diretor Steven Soderbergh, nos mobiliza a percepção para olharmos, sob o ângulo dos shows, como os strippers nos apresentam o que é ser/estar/parodiar as masculinidades no palco, já que os corpos já foram arduamente selecionados e preparados, e agora, ornamentados com as fantasias jogam-se no palco do Magic Mike, encenando os ideais masculinos heteronoramativos[8] para fazerem com que “suas” masculinidades sejam desejadas como as masculinidades mais masculinas para este público, ganhando com isto sua recompensa em forma de dinheiro.

Nesse sentido, nos diz Marion Arent (2007, p.154), que “no clube das mulheres, bem como nos espetáculos de strip-tease em geral, a dança é utilizada com o propósito de despertar fantasias e produzir desejos eróticos”, ou seja, os strippers sabem, objetivamente, o quanto de músculos, rebolados e posições sexuais devem usar nos shows para fazerem com que a plateia acredite, através dessas performances, que eles representam modelos masculinos dignos de serem considerados masculinos, desejados e tocados.

Dallas (Matthew McConaughey), nos apresenta um dos shows. Ele provoca a plateia com sua fantasia de couro, chapéu de cowboy e uma calça de couro bem justa ao corpo que demarca bem seu falo (pênis), imagem abaixo, dizendo à plateia que “hoje vai chover e isso lavará suas almas”, preparando e provocando o público para um dos shows do filme, afirmando que “o show vai começar”.

Imagem 07: Dallas (Matthew McConaughey), apresentando um dos shows de strip-tease masculino

 Dallas (Matthew McConaughey), apresentando um dos shows de strip-tease masculino

Fonte: Google/Site Oficial do filme Magic Mike, 2014.

O show que Dallas anuncia é embalado pela musica “Está chovendo homem”, It's Raining Men, da cantoraGloria Gaynor (1983),que começa com o palco bem escuro com Mike(Shanning Tatun), surgindo no centro fantasiado com uma capa de chuva, chapéu e uma sombrinha, todos de cor preta, que nos lembram filmes de espionagem de antigamente como 007. Ao entrar no palco eles se posicionam de forma ereta e põem a sombrinha na região do pênis, com o cabo tocando seus corpos e com ponta para cima, fantasiando o próprio falo em ereção como na imagem abaixo.

Imagem 08: Mike (Shanning Tatun) e outros strippers iniciando um dos shows no palco do Magic Mike.

Mike (Shanning Tatun) e outros strippers iniciando um dos shows no palco do Magic Mike.

Fonte: Google/Imagens, 2014.

Ainda no palco se aproximam da plateia, abrem as sombrinhas, girando-as, o que faz a plateia delirar e gritar, despindo-se das sombrinhas como primeiro item dessa montagem (fantasia) para sua nudez. Depois tiram o chapéu e a capa de chuva, exibindo como fantasia final a de garçom/barman, bem ao estilo sedutores, realizando movimentos que reforçam as masculinidades nessa cena.

Eles deslizam a mão do peito para a região do pênis, o que é esperados pelo público, que lhes paga para ver os modelos normativos vinculados à heterossexualidade masculina serem encenados no palco como os de ser “ativo”, “viril” e “ter força”, como nos diz Arent (2007),

A virilidade consiste na principal característica ressaltada nas performances dos strippers no palco. Ela é sustentada majoritariamente pelo controle corporal (evitam “rebolar”), pela postura ativa das encenações das práticas sexuais e pelos personagens incorporados, com forte apelo ao imaginário de autoridade e poder (ARENT, 2007, p. 124).

Esses strippers, agora com fantasias de barman, exibem seus músculos através de posturas que designam “força” e “controle”, que Marion Arent (2007), diz serem necessários para a plateia, que grita por eles enquanto se exibem.

Essas posturas referenciais do que é considerado masculino deve ser realizada com precisão, pois seu inverso designaria uma encenação não tão masculina desses strippers, deixando de corresponder ao ideário masculino proposto nos shows, que seria majoritariamente, vinculado ao ideário ativo da heteronormatividade, ao contrário do ideário passivo da homossexualidade como observados na imagem abaixo.

Imagem 09: Mike (Shanning Tatun) e outros strippers evidenciando seus músculos no palco Magic Mike.

Mike (Shanning Tatun) e outros strippers evidenciando seus músculos no palco Magic Mike.

Fonte: Google/Imagens, 2014.

Mike (Shanning Tatun), comouma das estrelas desse show, dança freneticamente com posturas másculas, onde levanta os braços e movimenta sua pélvis para frente e para traz rapidamente e depois faz movimentos no chão do palco que lembram o ato sexual ativo como visto na imagem abaixo.

Imagem 10: Mike (Shanning Tatun) encenando um movimento sexual ativo no show.

Mike (Shanning Tatun) encenando um movimento sexual ativo no show.

Fonte: Google/Imagens, 2014.

Os strippers terminam esta cena sem camisa e com posturas eretas com extrema exibição de seus músculos, imagem abaixo, descendo do palco para dançarem corpo a corpo com a plateia para ganharem suas recompensas durante a noite.

Imagem 11: Termino de um dos shows com uma postura ereta/firme como ideal masculino esperado.

Termino de um dos shows com uma postura ereta/firme como ideal masculino esperado.

Fonte: Google/Site Oficial do filme Magic Mike, 2014.

Nesses shows, assistimos os corpos, performances e masculinidades se desnudando aos poucos para o delírio da plateia como forma do enredo desse show, que requer técnicas precisas para conseguirem seu intento, isto é, ganhar dinheiro por meio dos treinos, fantasias e rebolados nos shows.

Nesse sentido, as ideias de Graziela Kronka (2005), sobre construção enunciativa dos corpos em revistas masculinas brasileiras nos são válidas para se compreender esse despir de modo decupado e coreografado, afirmando que

Assim como o strip-tease,a atividade verbal de enunciação também produz certo “suspense” que vai do despir-se à revelação da genitália. Não se menciona a genitália como a estrela principal dos ensaios. Há todo um caminho a ser percorrido para se chegar a ela... Nessas preliminares da enunciação do corpo, ressaltam-se características físicas a serem valorizadas, criando-se, tal como acontece no striptease, um clima de suspense que se repete para a revelação da genitália (KRONKA, 2005, p.122).

Diferentemente das revistas adulto-pornográficas que a autora analisa, a exibição da genitália torna-se sua força de consumo, tanto nas revistas masculinas (For Guys), quanto nas femininas (Playboy), por exemplo. No filme Magic Mike (2012), não vemos efetivamente os dotes (pênis) dos strippers serem mostrados nos shows, sendo em sua maioria, simbolizados nas danças e posições sexuais como na cena de Mike (Shanning Tatun), imagem abaixo, que encena um pênis com um taco de baseball.

Imagem 12: Mike (Shanning Tatun) encenando um pênis com um taco de baseball.

Mike (Shanning Tatun) encenando um pênis com um taco de baseball.

Fonte: Google/Imagens, 2014.

Ou ainda, como na imagem abaixo, onde o pênis é efetivamente mostrado para uma das mulheres da plateia, mas só para ela. Ela fica abismada com o tamanho do “dote” do stripper Big Dick Riche (Joe Manganiello), que no filme possui o maior pênis, ou pelo menos é assim representado, que nos mostra seu pênis, ao mesmo tempo em que não o mostra a olho nu, como na imagem abaixo.

Imagem 13:Big Dick Riche (Joe Manganiello) mostrando/(não) mostrando o pênis no show para uma cliente da plateia.

Big Dick Riche (Joe Manganiello) mostrando/(não) mostrando o pênis no show para uma cliente da plateia.

Fonte: Google/Site Oficial do filme Magic Mike, 2014.

Ele é o stripper que utiliza tecnologias para aumentar, intensificar e impressionar a plateia através do seu dote, usando uma “bomba peniana” para aumentar o tamanho, espessura e volume de seu pênis para os shows, o que nos mostra também mais um ideal relacionado ao imaginário de gênero e sexualidade, que estaria relacionado ao tamanho do pênis e sua correspondente potência sexual proveniente do generoso tamanho do dote nos shows de strip-tease, assim como, em outros segmentos que envolvem compra e venda de corpos, desejos e prazeres como a prostituição e a pornografia masculina e feminina, entre outros.

Além disso, essas performances masculinas envolvem todo um imaginário heteronormativo masculino acionado para os shows como seus componentes necessários, requerendo igualmente que este imaginário sócio-sexual seja constantemente performado para fazer com que a plateia tenha a sensação de conhecer esses modelos masculinos por meio de seus corpos e fantasias, que compreendem fantasias de boxeadores, policiais, Tarzans, soldados, marinheiros, trabalhadores da construção civil, boneco Ken, cowboys, médicos e bombeiros como exemplificada na imagem abaixo.

Imagem 14: O stripperBig Dick Riche (Joe Manganiello) fantasiado de bombeiro no palco do Magic Mike.

O stripperBig Dick Riche (Joe Manganiello) fantasiado de bombeiro no palco do Magic Mike.

Fonte: Google Imagens, 2014.

Nesse sentido, essas fantasias fazem parte do imaginário erótico sexual do público feminino do clube, sendo consideradas bem distantes dos modelos triviais de gênero e masculinidades do cotidiano, ou seja, do filho, do marido ou do pai, que a plateia deseja ver, já que os strippers devem encenar o que elas não têm em casa, com diz Dallas (Matthew McConaughey) a Adam (Alex Pettyfer), quando o ensina a dançar, “Você é o marido que elas nunca tiveram”, “Você é a transa sem compromisso”.

Steven Soderbergh, diretor do filme, se utiliza muito bem desse imaginário centrado em masculinidades consideradas eróticas em contraste com aquelas que habitam o imaginário do lar para nos mostrar como os ideais masculinos adquirem valorações diferenciadas no cotidiano e quais deles podem e devem ser encenadas para este público feminino de Tampa (EUA).

Isso nos remete às ideias de Raewyn Connell (1995), que nos mostra através do seu modelo de análise, “masculinidades hegemônicas e subalternas”, como os modelos masculinos são valorizados assimetricamente no cotidiano, alguns modelos sendo representados positivamente nos filmes, na tv, nos esportes, enquanto outros como espectros negativos deste modelo masculino, que cada cultura dispõem e que dele se serve para enquadrá-los socialmente como gays, negros e/ou velhos.

Por isso, essas profissões, como encenações de modelos de gênero masculinos, são reforçadas nas danças com posições sexuais para que a plateia lhes desejem e os toquem como na encenação dos strippers Adam e Ken (Matt Bomer), imagem abaixo, que estão fantasiados de médicos sobre uma cliente da plateia, imitando sexo oral sobre ela.

Imagem 15: Adam (Alex Pettyfer) e Ken (Matt Bomer) encenando médicos em um show de strip-tease, onde simulam sexo oral em uma cliente da plateia.

 Adam (Alex Pettyfer) e Ken (Matt Bomer) encenando médicos em um show de strip-tease, onde simulam sexo oral em uma cliente da plateia.

Fonte: Google Imagens, 2014.

Nesse ínterim, vemos continuamente esses modelos normativos (heteronormativos e masculinos) serem chamados para as performances dos shows, o que aparentemente assegura aos strippers mais masculinidade.

Essa conexão implícita entre corpo com pênis, masculinidade e performance masculina, parece nos levar a acreditar em uma maior coerência entre o corpo construído para os shows com suas fantasias e danças que, ao mesmo tempo, contestam essas mesmas conexões do que é ter um sexo (macho e/ou fêmea), e ser/estar masculino e heterossexual, pois evidenciam como essas performances foram sendo construídas e manipuladas com objetivos práticos para seduzir a plateia.

O filme nos mostra como no clube de strip-tease Magic Mike, podemos evidenciar como se manipulam esses ideais masculinos (fantasias e performances de bombeiros), e onde seus strippers, especialmente através do personagem Adam (Alex Pettyfer), teve de aprender a dançar/seduzir/fantasiar, incorporando outros modelos masculinos que não faziam parte de seu habitus masculino em relação ao que se espera para os shows como um corpo musculoso, viril, potente.

Isso porque, como sugere Butler (2012), o sexo, o gênero e a sexualidade são construídos reiterativamente por meio de discursos institucionalizados que, por isso, devem ser compreendidos como performáticos em si mesmos, sendo o gênero entendido como “performance” em si mesmo, já que não possuí substancialidade além da sua representação constante. Nesse sentido, não nascemos como sujeitos de realidade interna: macho (masculinidade) e fêmea (feminilidade), sendo essas feminilidades e masculinidades (re)produzidas a todo tempo “num truque performativo da linguagem”.

Não obstante, Adam (Alex Pettyfer), ao ser inserido neste meio, trouxe consigo um modo particular de expressão corporal, de gênero e sexualidade que aos poucos vão sendo modificadas para que ele se tornasse um stripper.Ele traz consigo a base corporal generificada culturalmente (masculina), sobre a qual se “montam” diariamente sobre outros modelos de masculinidades por meio de fantasias e gestos, mostrando-nos como ter um pênis não designa necessariamente ser/estar masculino, sendo necessário incorporar outros estilos de masculinidades para que se possa(re)produzir o que vem a ser considerado masculino pelos strippers para a plateia como evidencia Nunes (2012, p. 182), sobre os paradoxos do masculino no strip-tease, já que

A ‘norma’ de gênero masculino, isto é, os atributos de masculinidades a serem encontrados em “homens de verdade” são performativizados reiteradamente através de fantasias, ilusões, ficções, a partir da entrada em cena de ‘personagens’ como guarda, soldado, bombeiro, médico e militar... (NUNES, 2012, p.182).

Assim, podemos observar, a partir desses shows, que os sujeitos masculinos deste filme não possuem as masculinidades esperadas para os shows, mas passam a adquiri-las na medida em que permanecem e incorporam o mundo do strip-tease, já que os ideais masculinos encenados pelos strippers (musculosos, viris, sarados, heterossexuais), não estariam em cena como modelos identitários essencializados de homem, masculino e heterossexual, mas se realizando por meio de seus corpos, fantasias e gestos que eles imitam nesses shows. Isso porque, esses modelos são possibilitados por meio das (re)produções históricas e locais precisos para os shows, possuindo nas convenções ritualizadas do passado no presente, os modelos sobre os quais operam suas (re)produções futuras, sendo, por isso, sempre abertos a novos significados, já que é por meio dessa maquinaria reiterativa de gênero e sexualidade que encenamos os gênero(s), as sexualidade(s) e as masculinidade(s).

Descendo do palco/Saindo de cena

O cinema é extremamente importante como uma mídia que se utiliza da ilusão do real para fabricar historias e encantar plateias no mundo todo, assim como, um espelho da cultura para tornar essas narrativas legíveis aos olhos do expectador,já que nos mostram como essas técnicas de (re)produção imagéticas podem ser utilizadas para pensarmos nas representações da vida cotidiana por meio do cinema, buscando interpretá-las sócio e antropologicamente através de suas imagens, pois, a culturaque a produz é a mesma que se representa, mimeticamente, em suas imagens.

Nesse sentido, o heterogêneo cinema do diretor Steven Soderbergh nos é de extrema importância na discursão sobre gênero e sexualidades, já que vimos como as construções de corpos e encenações masculinas vão sendo construídas ao longo do filme Magic Mike (2012), especialmente com a entrada de Adam (Alex Pettyfer), que passou a se habituara outros habitus corporais como malhar,vestir fantasias, se depilar ou se despir no palco sob olhares femininos em troca de dinheiro.

Por fim, observamos como esses ideais masculinos são performativizados pelos strippers através de gestos e coreografias, encenando identidades de gênero masculinas parodiadas no Magic Mike com shows de trabalhadores da construção civil, bombeiros e médicos do ideário heterossexual são simulados para que o público consuma “suas” masculinidades por meio das performances de gênero.

Referências

ARENT, Marion. Gênero e erotismo: etnografia de um clube de mulheres no Rio de Janeiro. 2007. 261 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva), Instituto de Medicina Legal, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2007.

BERNADET, Jean-Claude. O que é cinema? São Paulo, Editora Brasiliense, 2012.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

CONNELL, Raewyn (Robert W. Connell). Politicas da masculinidade.In: Revista Educação e Realidade.n. 20, v. 2, 1995, p. 185-206.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de janeiro. Edições Graal, 2011.

KRONKA, Graziela Zanin. A encenação do corpo: o discurso de uma impressa (homo) erótico-pornográfica como prática intersemiótica. 2005. 192 f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2005.

LOURO, Guacira Lopes. Cinema e sexualidade.In: Revista Educação e Realidade, 33(1), jan-jun, 2008, p. 81-98.

MOREIRA RIBEIRO NETO, Francisco. Encenando masculinidades: uma etnografia sobre strip-tease, construção de corpos e performances masculinas no filme Magic Mike.2015. 75 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Sociais), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém do Pará, 2015.

MOREIRA RIBEIRO NETO, Francisco. Encenando o masculino:reflexões sobre corpos, sexualidades e performances masculinas no filme Magic Mike In: Anais do I EEAVAM, Universidade Federal do Pará, Belém do Pará/PA, 2014.

NUNES, Claudio Ricardo Freitas. Trazendo a noite para o dia: apontamentos sobre erotismo, strip-tease masculino, pedagogia de gênero e sexualidade. 2012. 227 f. Tese (Doutorado em Educação), Instituto de Educação, Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

RIBEIRO, Milton& MOREIRA RIBEIRO NETO, Francisco. Cine Ópera, prazer sem limites? uma etnografia imprópria no/do único “cinema de pegação” de Belém-PA In:Anais do XV CISO, Universidade Federal do Piauí, Teresina/PI, 2012.

WACQUANT, Loic. Escrarecendo o habitus.In: Revista Educação & Linguagem, ano 10, n. 16, 2007, p. 63-71.

WILLIAMS, Linda. Screening Sex – revelando e dissimulando o sexo In: Cadernos Pagu (38), 2012, p. 13-51.

Filmografia

BERGMAN, Andrew. Striptease. Estados Unidos(EUA), 1996.

BERTOLUCCI, Bernardo. O último tango em Paris. França & Itália, 1972.

BURTON, Tim. Edward mãos de tesoura. EUA, 1991.

CATTANEO, Peter. Ou tudo Ou nada. Reino Unido, 1997.

COPPOLA, Francis Ford. A Conversação. EUA, 1974.

COPPOLA, Francis Ford. O Poderoso Chefão 2. EUA, 1974.

KASDAN, Lawrence. Corpos Ardentes.EUA, 1981.

LINE, Adrian. 9 ½ Semanas de amor. EUA, 1996.

LUMIÈRE, August &LUMIÈRE, Luis. A Chegada do Trem na Estação de Ciotat. França, 1895.

MCNALLY, David. Show Bar.EUA, 2000.

NICHOLS, Mike. Closer: perto demais. EUA, 2005.

NICHOLS, Mike.A primeira noite de um homem. EUA, 1967.

SODERBERGH, Steven. Che: a guerrilha. (Diretor & Diretor de fotografia). França, Espanha & EUA, 2008.

SODERBERGH, Steven. Confissões de uma garota de programa. (Diretor, Diretor de fotografia & Montador). EUA, 2009.

SODERBERGH, Steven. Contágio. (Diretor & Diretor de fotografia). EUA, 2011.

SODERBERGH, Steven. Onze homens e um segredo. (Diretor & Diretor de fotografia). EUA, 2001.

SODERBERGH. Steven. Eros. (Diretor,Diretor de fotografia, Montador & Roteirista). EUA, França, Hong Kong, Itália, Luxemburgo & Reino Unido, 2004.

SODERBERGH, Steven. Erin Brochovich: Uma mulher de talento. (Diretor). EUA, 2000.

SODERBERGH, Steven. Magic Mike. (Diretor, Diretor de fotografia & Montador Chefe). EUA, 2012.

SODERBERGH, Steven. Minha vida com Liberace. (Diretor, Diretor de fotografia & Montador Chefe). EUA, 2013.

SODERBERGH, Steven. Onze Homens e um segredo. (Diretor & Diretor de fotografia). EUA, 2004.

SODERBERGH, Steven. Sexo, Mentiras e Videotape. (Autor da Mixagem de Som, Diretor, Montador & Roteirista). Estados Unidos, 1989.

SODERBERGH, Steven. Solaris. (Diretor, Diretor de fotografia, Montador & Roteirista). EUA, 2002.

SODERBERGH, Steven. Traffic. (Diretor & Diretor de fotografia). EUA, 2000.

VERHOEVEN, Paul. Showgirls. EUA & França, 1996.



[1] O filme Magic Mike (2012), teve como orçamento 7 milhões de dólares e uma arrecadação de mais de 600 milhões só nos Estados Unidos. No Brasil, o filme foi bastante assistido com mais de 60 mil ingressos vendidos e um lucro de mais de 200 milhões reais, ambos no ano de 2012. Ver referência no final desse trabalho (Outras referências).

[2] O filme 9 ½ Semanas de Amor (1986), foi sugerido pela professora e orientadora deste trabalho, Mônica Prates Conrado (UFPA), no momento da defesa do TCC como um dos filmes que marcaram época quando se fala em strip-tease no cinema.

[3] Grammy: É a maior e mais prestigiada festa do mundo musical que ocorre anualmente nos Estados Unidos. É considerado o Oscar da música.

[4] Palma de Ouro: Prêmio de maior prestigio do festival de Cannes, que ocorre anualmente na França desde 1955.

[5] No filme Magic Mike (2012), a plateia feminina deste clube não possui muitas falas, sendo mais referenciadas nos discursos dos strippers para que estes montem/encenem os ideais masculinos no palco. Por isso, ao longo desse artigo, optou-se por detalhar as vivências e aprendizagens dos modelos masculinos pelos strippers, já que o filme se centra no clube e nas atividades dos personagens que fazem os shows, isto é, os strippers masculinos.

[6]Neste trabalho o conceito de “performance” possui dois sentidos, um que segue as ideias de “performance” advindos do pensamento de Judith Butler no livro Problemas de gênero (2012), e outro, no diz respeito a atuação ou ação de representar um personagem num filme, peça teatral, novela ou outro, como observado nos atores (vida real) que encenam personagens (strippers masculinos ), no filme Magic Mike (2012).

[7] Uma observação é necessária nesse trabalho. Ao logo do filme Magic Mike, há um total de sete shows, sendo que este artigo procura elucidar as cenas dos shows mais pertinentes aos objetivos específicos deste trabalho, isto é, relacionados às (re)produções das masculinidades por meio das perforrmances de gênero masculinas dos shows de strip-tease do clube de mulheres.

[8] Michel Foucault em História da sexualidade (2011), analisa as formas como o sexo e a sexualidade, entre os séculos XVII ao XIX, foram sendo “encerrados como um campo aberto de práticas libertinas” pelo advento do capitalismo e da ordem burguesa, que tomaram o casal heterossexual como seu modelo desejável, cujas sexualidades que não se enquadravam neste modelo, a exemplo dos homossexuais, eram induzidas a desaparecer. Desse período em diante se normatiza o conceito heteronormatividade, que se refere ao modelo normativo homem (macho) e mulher (fêmea) como modelos “naturais” e “reprodutivos” impostos pela e para a sociedade, cujos ideais de gênero, corpos e sexualidades heterossexuais são concebidos como práticas sexuais positivas, tendo nas nomenclaturas“homem”, “macho”, “masculino”, “heterossexual” seus modelos desejados e esperados como representados no filme Magic Mike (2012).