Uma Praça chamada Brasil: cotidiano urbano imperatrizense nos territórios da Praça [!]



Jesus Marmanillo Pereira [!]
Natalia Mendes Texeira [!]


Resumo

O presente artigo visa apontar aspectos do cotidiano urbano tendo como ponto de partida a Praça Brasil, um espaço de lazer, concentração de trabalhadores do comercio de rua e distração localizada no centro da cidade de Imperatriz-MA. Significa assim lançar reflexões sobre o referido espaço a partir de determinados momentos da história urbana de Imperatriz, a segunda maior cidade do estado do Maranhão, e problematizá-lo tendo como parâmetro as localizações circunvizinhas e os atores e grupos que compõem o dia a dia do município . Para tanto, nos valemos de pesquisa etnográfica, produção de registros visuais e de produções bibliográficas afim de compreender as diferentes territorialidades e os sentidos atribuídos ao referido recorte. Após três meses de campo foi possível verificar diferentes formas de trabalho com comercio, processos semelhantes aos ocorridos com o comercio de rua desenvolvidos na capital do estado- São Luís, e que o local estudado é caracterizado por sua relação com espaços vizinhos da cidade e região, pela concentração e oferecimento de determinados serviços e também por uma dinâmica interna que é delineada de acordo com os atores que fornecem vida, movimento e cor para a referida praça.



Palavra-chave: Praça Brasil; Cotidiano; Atores Sociais; Trabalho; Territorialidades.



Abstract

This article aims to point out aspects of urban daily life taking as its starting point the Brazil square, a leisure area, concentration of business of street workers and distraction located in the center of the city of Imperatriz-MA. It means so launch reflections on that space from certain times of the urban history of the Empress, the second largest city in the state of Maranhão, and problematize it having as parameter the surrounding locations and the actors and groups that make up the day to day County. To this end, we make use of ethnographic research, production of visual records and bibliographic productions in order to understand the different territoriality and the meanings attributed to that cut. After three months of field we observed different ways of working with trade, processes similar to those that occurred with the business of street developed in the St. Louis-state's capital, and that the studied area is characterized by its relationship with neighboring spaces of the city and region by concentration and offering certain services and also an inner dynamic that is outlined according to the actors who give life, movement and color for that square.




Keywords: Square Brazil; everyday; Social actors; Work; Territorialities.



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Uma Praça chamada Brasil: cotidiano urbano imperatrizense nos territórios da Praça [!]



Jesus Marmanillo Pereira [!]
Natalia Mendes Texeira [!]

1. Introdução

Tomando como ponto de partida a Praça Brasil, espaço central para a compreensão do momento de ampliação da cidade de Imperatriz-MA, no início da década de 1960, o presente artigo busca elencar aspectos do cotidiano imperatrizense descrevendo assim o comportamento dos atores que caracterizam as dinâmicas sociais dessa praça. Trata-se assim de uma aproximação com a construção social de um cotidiano imperatrizense a partir de uma descrição mais elaborada, focada nas atividades laborais e relações socio-espaciais desenvolvida no local estudado.

Por cotidiano, consideramos uma abordagem sócio-histórica amparada nas perspectivas de Certeau (2013, p31) “para quem o cotidiano é aquilo que nos é dado a cada dia (ou que nos cabe partilhar), nos pressionar dia após dia.” Tal noção também vai ao encontro às perspectivas de Goffman (2013), Berger e Luckmann (2011) Schutz (2012) e Whyte (2005) que, a grosso modo, trabalham tal noção, valorizando as relações face a face, as condutas na vida diária, a rotina, experiências e o mundo da vida, no qual se constituem determinadas rotinas, interações e construção social da realidade. Seguindo essa orientação, buscou-se apreender aspectos do cotidiano urbano imperatrizense por meio da realização de uma etnografia de rua (Eckert e Rocha 2003), buscando, assim, descrever práticas, saberes de sujeitos e de grupos sociais a partir de técnicas como observação e conversações.

O trabalho de campo foi desenvolvido em duas etapas simultâneas compostas por: observações diretas e diálogos desenvolvidos com alguns comerciantes locais, entre os meses de janeiro e março de 2015, e pela elaboração de registros visuais que buscaram aprimorar a narrativa e captar características dos trabalho diário dos comerciantes de rua, transeuntes e outros atores que compõem o cenário da Praça Brasil. Seguindo esse critério, foram selecionadas oito fotografias, de um conjunto de 123 imagens que apresentam aspectos mais gerais sobre o local analisado. A produção das imagens foi alvo de reflexões a respeito das condições de inserção em campo, e podem ser caracterizadas por um certo afastamento dos atores para que não houvesse identificação dos mesmos.

Foram utilizadas, também, diálogos informais, reportagens da imprensa local, caderno de campo e revisão bibliografia afim. Tais dados foram sistematizados em três tópicos que tratam respectivamente: 1) localização e apresentação da Praça Brasil; 2) relações, interações desenvolvidas nela, e sentidos produzidos por alguns atores que constituem o cotidiano da praça.

2. Praça Brasil: cenário espaço-temporal

Segundo a Enciclopédia de Imperatriz, a Praça Brasil é um logradouro público localizado no centro da cidade e possui uma área de 8.512.35 m² construída pelo prefeito Raimundo de Moraes Barros, cujo mandato ocorreu entre os anos de 1959 e 1961. A elaboração dessa está associada à construção da Avenida Eixo (atual Getulio Vargas)[1] que ligava a “cidade velha” – primeiros povoamentos nas ruas e espaços próximos à Rua 15 de Novembro e Simplício Moreira – até o povoado de Gameleira (atual cidade de João Lisboa).

As ruas que cortam a Praça Brasil, hoje consideradas centrais, foram abertas também sob a gestão do prefeito Raimundo de Moraes Barros entre 1958 e 1960 que diante de problemas de moradia, desorganização urbana e necessidade de expansão teve que planejar novos arruamentos para a cidade construindo o que ficou conhecido como “cidade nova”:

A saída encontrada foi abrir novas ruas, desde a Praça de Fátima até a Rodovia Belém-Brasília, tendo como eixo central ruas paralelas a então BR-14 (Hoje Dorgival Pinheiro de Souza) – as hoje denominadas João Lisboa, Getúlio Vargas, Benedito Leite, Luís Domingues (Franklin, 2008, p.39)

São exatamente essas ruas: João Lisboa, Benedito Leite e, principalmente, Getúlio Vargas, Dorgival Pinheiro e Luís Domingues que hoje centralizam o comércio na cidade e têm como parte do seu fluxo a Praça Brasil. Sendo a Avenida Getúlio Vargas e Rua Luís Domingues as duas que cortam as laterais respectivamente Oeste e Leste da praça tendo como ponto de referência setentrional a Rodovia Belém-Brasília.

Se a Praça de Fátima, como já visto por Marmanillo (2015), pode ser pensada em relação a um período de transição no qual Imperatriz sai do contexto de um pequeno povoado para o primeiro momento de expansão urbana; a Praça Brasil simboliza justamente outro momento de expansão da cidade e de forma mais contundente, isto é, a chegada de um contingente de migrantes que influenciaram todo o processo econômico, urbano e histórico. Tal contingente foi representado naquele espaço público por meio da construção de um monumento que tinha a figura de um migrante, como afirma Noleto:

O prefeito Renato Moreira[2] a formouseou e ali fez erigir o primeiro monumento público de Imperatriz, em reconhecimento ao imigrante que ajudou a construir a cidade. A homenagem era justa, mas a estátua de cimento representando o imigrante, com mala na mão, feria a sensibilidade estética da população que, às vezes, ironizava colocando na cabeça do boneco travestido de estátua um prosaico penico. (NOLETO, 2002, P.88)

Mais do que uma simples estátua, o monumento (LE GOFF, 1990) traz consigo um significado político e histórico porque aponta tanto para a gestão do prefeito Renato Cortez Moreira, quanto para o momento histórico de forte migração. Nesse raciocínio, alguns estudiosos da literatura local - como, por exemplo, Noleto (2002) - notam que cada prefeito tentou deixar sua própria marca nos logradouros públicos de Imperatriz, e a Praça Brasil é um desses.

Nesse caso, a estátua do migrante, conhecida também como a estátua do garimpeiro sinaliza um tipo de interação entre o prefeito citado e as levas de migrantes que chegavam à cidade. Ressaltando-se que se tratava de um número cada vez maior de novos moradores, pois segundo o historiador Adalberto Franklin (2008) só entre os anos de 1958 e 1960 ocorreu a chegada de cerca de 20.003 novos habitantes, dos quais 9.198 chegaram no ano de 1960 quando houve a conclusão da Rodovia Belém- Brasília.

A referida praça também pode ser compreendida como espaço de manifestações coletivas com comícios, protestos e outras aglomerações. Na literatura local Fregona (1998) destaca que no local ocorreu a concentração de milhares de pessoas- de todos os níveis, funções e profissões- na ocasião de um protesto, durante a década de 1990, organizado pelo Fórum da Sociedade Civil[3]- grupo que reivindicava a apuração e os resultados da investigação relacionados ao assassinato do ex-prefeito Renato Moreira

Tal evento denota uma característica histórica do local, imprimindo a memória das pessoas determinados marcos temporais, embora estes, hoje, já não estejam petrificados na praça. A praça também é urbana e central na cidade de Imperatriz-MA e região, pois atrai pessoas de vários bairros e dos municípios[4] que constituem a Região Metropolitana de Imperatriz-MA e de cidades próximas dos estados do Tocantins e Pará - Estados com os quais faz fronteira.

Nesse sentido, outra forma de observar a Praça Brasil é por meio da compreensão de sua importância em relação às áreas circunvizinhas. Deste modo vale ressaltar que ela possui uma localização central em relação ao centro comercial, à área de feira-livre, conhecida como Mercadinho, e de setores de concentração de serviços médicos, hoteleiros e de produtos de construção ou agropecuários. Por exemplo, a própria Avenida Getulio Vargas, onde se localiza a praça, é uma das principais em termos de concentração comercial, onde se localiza inclusive ao calçadão comercial destinado para os consumidores pedestres. Nesse sentido a referida Avenida representa um caminho de saída do centro comercial e acesso para a BR-010 e consequentemente outros bairros e cidade, ou seja, a praça também pode ser compreendida como um ponto de partida, para quem já utilizou dos serviços do centro comercial de Imperatriz.

Imagem 1- Sinalização indicando caminho para a Praça de Fátima

Imagem 1- Sinalização indicando caminho para a Praça de Fátima

Fonte: Pereira, 2015

Por outro lado, para quem adentra a cidade por meio da Avenida Dorgival Pinheiro é possível observar a sinalização indicativa para a Praça Brasil (imagem 1) demonstrando um sentido contrário de quem percebe a praça como local de chegada na cidade. Isso porque, atualmente a Avenida Dorgival Pinheiro é uma das principais vias de acesso ao centro de Imperatriz, ligando a Praça de Fátima à BR-010. Enfim, a placa de sinalização indica um sentido central para quem adentra a cidade em busca da Praça Brasil e também uma relação entre o local e os espaços de acesso e chegada na cidade.

Tal dinâmica espacial pode ser pensada com o termo interações espaciais, compreendido por Correa (2006) como um complexo conjunto de deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informações sobre o espaço geográfico. Nesse sentido, pensamos que haja uma relação direta entre a Praça Brasil e as áreas circunvizinhas que refletem outros tipos de dinâmicas vinculadas à circulação de pessoas, informações e caracterização sócio-espacial da praça. Assim, o fato de o único terminal de integração de ônibus da cidade ser localizado próximo à Praça de Fátima e ao Calçadão e existir uma parada de ônibus na Praça Brasil já sinaliza um tipo de organização de consumo que pode resultar em trajetos específicos de pessoas que descem em um certo ponto ao longo da Avenida Getulio Vargas. Organização esta que pode implicar na compra de roupas, pagamento de contas, consumo de serviços diversos e chegada ao ponto de ônibus da Praça Brasil, que pode também ser compreendido como um tipo de saída da cidade, rumo aos bairros distantes e outras localidades. Sobre essa conexão entre vários fatores que dinamizam aquele espaço vale salientar que o fluxo de passageiros, na Praça Brasil, aumenta conforme o fim da tarde se aproxima e o trânsito na Avenida Getúlio Vargas também se intensifica.

Imagem 2 - Praça Brasil

Imagem 2 - Praça Brasil

Foto: Raimundo Nonato (2014)

Fonte: http://www.arrocha.ufma.br/edicoes/pracas-centrais-cotidiano-e-personagens/

Na imagem 2 é possível visualizar a Praça Brasil é ter ideia de toda sua extensão e limites, sendo importante destacar que a fotografia estava associada a uma matéria que enfatizava a pouca movimentação do local, durante os dias de sábado. Segundo a reportagem:

Na praça Brasil, que tem como companhia o colégio Mourão Rangel, é pouca a movimentação em um sábado. Apenas aqueles que estão sofrendo com o sol no ponto de ônibus, sem um mínimo de conforto, permanecem no local. No meio de semana, em uma quarta, por exemplo, ela conta com a agitação dos alunos da escola, fazendo raiva a Geraldo Tavares.
Taxista de 45 anos, que há 15 trabalha no ponto da praça Brasil, ele faz de tudo para zelar uma ingazeira no meio da praça. “Eles querem ingá. Mas eu já disse para eles que ainda não estão maduros e para não derrubar”. As poucas sombras estão no ponto de táxi e na banca de revista de Edivaldo Gomes, onde o ônibus faz o retorno pela avenida Getúlio Vargas para chegar à rua Luís Domingues e seguir em direção ao viaduto. Edivaldo, com três anos vendendo revistas ali, fala pouco, demonstra desconfiança às minhas perguntas, mas reclama da escuridão durante a noite e da falta de segurança. Logo ele que fica com a banca aberta muitas vezes até as 22h30. (COSTA, Outubro 2010)

Além de verificar a localização da Praça, que é cercada pelo Colégio Mourão Rangel, por quatro hotéis, por um conjunto de farmácias, loja de materiais elétricos, farmácias, caixas eletrônicos e outros estabelecimentos que circundam seus limites, a matéria jornalística aponta uma relação entre as pessoas e o espaço, que pode ser pensada a partir do calor local de até 36º, da presença de árvores, do pouco movimento durante o sábado e a violência ao entardecer, ou seja, aspectos que influenciam na formação de agrupamentos e condutas sociais. Mais que isso, a material sinaliza a presença de repórteres no referido local, um tipo de fato frequente que pode ser notado também nos jornais televisivos matutinos quando apresentam as imagens e temperatura da cidade (imagem8).

Por meio de observação direta, verificou-se ao longo de três meses que os agrupamentos e dinâmica interna da Praça parecem estar bem vinculados à localização das árvores e da parada de ônibus onde a área de sombra é maior e a aglomeração das pessoas também. São os pontos onde se concentram a maior parte de comerciantes informais. A seguir continuaremos com uma etnografia visual mais detalhada sobre algumas características da dinâmica social presentes na praça.

3. Uma Praça, um colégio, um banco, um hotel: notas etnográficas sobre o cotidiano na Praça de Fátima

Segundo Mckenzie (1948), a característica ecológica pode ser pensada de acordo com a satisfação de interesses comuns como educação, trabalho, diversão e outras necessidades, dos grupos humanos. Segundo esse autor, a centralização é o processo pelo qual a comunidade é formada. O fato de se reunirem em determinados lugares para buscar a satisfações desses interesses proporciona a base territorial para a determinação dos grupos. Seguindo esse viés, o presente texto visa discorrer sobre os grupos e relações cotidianas delimitadores das múltiplas territorialidades existentes na Praça Brasil.

Em nossas primeiras inserções já foi possível delinear alguns grupos. Sobre os atores observou-se que podem ser subdivididos em três tipos: Os comerciantes fixos, comerciantes de ruae os transeuntes. Os fixos estão estabelecidos nos quiosques que ficam localizados nas duas extremidades da praça as quais dão acesso à escola e à Rua Paraíba, próxima ao hotel Posseidon. Esses são compostos por três lanchonetes, uma casa de artesanato, um posto de taxi e duas bancas de revistas laterais à parada de ônibus e voltadas para a Avenida Getúlio Vargas - a rua mais movimentada do comércio na cidade onde se localiza o denominado “Calçadão” comercial. Há ainda em frente à escola, um posto de mototaxistas e uma barraca fixada fazer fotos 3X4.

Imagem 3- Banca de Revista fechada e a barraca de Senhor Edvaldo

Imagem 3- Banca de Revista fechada e a barraca de Senhor Edvaldo

Fonte: Pereira, 2015

Na imagem três é possível observar um transeunte caminhando nas primeiras horas do dia, enquanto uma barracazinha e a banca de revista do senhor Edvaldo expressando a existência de comerciantes de rua e fixos. A opção pela classificação entre as duas categorias de comerciantes ocorreu tanto por conta das observações diretas sobre as características dos mesmos, quanto por considerar o estudo de Cosme (2010), que demonstra que o debate em torno do conceito "informalidade" remonta ao uso do termo feito pela OIT e toda uma carga negativa relacionada ao discurso desenvolvimentista utilizado para caracterizar o subdesenvolvimento de países Africanos.[5] A resistência para a utilização da categoria de trabalho informal também está associada a localização do próprio termo, dentro de uma relação de diferentes formas de trabalho em relação a Prefeitura e outras relações sociais, ou seja, buscando se abster, em um primeiro momento, buscou-se mais compreender as características das formas de trabalho, que abraçar alguma classificação já institucionalizada.

Já a produção da imagem esta condicionada ao próprio tipo de relação estabelecida com os sujeitos da praça. No caso da barraca de cintos e chaveiros, o proprietário disse que poderia realizar o registro, mas sem que o mesmo fosse inserido na imagem – provavelmente tal condição esteja associada classificação feita localmente sobre o comerciante de rua, entendido por muitos como como informal (ilegal)- em relação aos fixos que possuem uma autorização de trabalho fornecida pela Prefeitura. O mesmo trabalhador nos indica o dono da banca - o Senhor Edvaldo- como uma pessoa mais antiga no local e melhor informante. Enfim, trata-se de uma fotografia marcada pelo distanciamento com os nativos que aponta um registro dos primeiros momentos de campo, confirmando os estudos como os de Achutti (2004) e Pereira(2015) quando ressaltam a importância das relações/interações sociais para a produção de imagens etnográficas. Além do diálogo com o comerciante de rua, nossa informação sobre os atores - implícitos da imagem - foram confrontadas com o seguinte trecho de reportagem:

Edvaldo Gomes, dono de uma banca de jornal e revista na Praça Brasil, trabalha há seis anos no local. Ele relata que, durante o dia na praça, às vezes é tranquilo, mas durante a noite, é perigoso. “No período noturno, as pessoas não podem ficar sozinhas no ponto de ônibus, principalmente mulheres. Elas são assaltadas por ‘trombadinhas’”, diz. Edvaldo, que fica até às 21 horas trabalhando, teme a falta de segurança, pois já presenciou mais de dez assaltos na praça. Além disso, já viu brigas entre moradores de rua com facas, assalto com passageiro e já foi assaltado à mão armada três vezes. (REJANE, 2012) [6]

Sendo coerente com a reportagem - cujo título é "Polícia faz segurança na cidade através de unidades móveis: As unidades móveis estão montadas na Beira-Rio, Praça dos Três Poderes e na Praça de Fátima" - a citação enfatiza, assim como na reportagem anterior, a insegurança da Praça Brasil no avançar das horas do dia. Contudo valoriza a posição do informante dono da banca[7] de revista, reforçando a fala do comerciante de rua com quem dialoguei outrora.

As localizações das bancas de revista próximas a parada de ônibus da Avenida Getulio Vargas; da barraca de fotografia 3x4 próxima à escola, no mesmo lado de um curso profissionalizante e dos taxis e mototaxis não pode ser desvinculada de um tipo de clientela e do desejo do estabelecimento de determinadas relações entre consumidores e comerciantes. Por isso, é importante lembrar-se da necessidade de fotografias nas fichas de matrículas nos estabelecimentos de ensino, da descontração de uma leitura leve no tempo demorado dos ônibus e dos diferentes poderes aquisitivos que se refletem nas localizações dos três tipos de transporte existentes na Praça: ônibus, mototaxis e taxis próximos na Avenida Getúlio Vargas, estabelecimentos de ensino e próximo aos hotéis.

Caracterizando tipo de trabalho sem estrutura física fixada, a praça há também a permanência diária de comerciantes de rua que se deslocam e montam e desmontam sua estrutura de venda todos os dias. Vendem frutas, comida, CDs e DVDs piratas, sorvetes, lanches, peças intimas, meias, balas, pecúlios premiados, artigos utilitários baratos. Estes se localizam essencialmente à sombra das árvores, próximo às paradas de ônibus onde há a maior concentração de pessoas da praça e ficam direcionados para a avenida a qual dita o ritmo do trabalho e os horários destes - Avenida Getulio Vargas.

Por volta de 7:30 é possível observar como alguns espaços vazios da Praça, afastado das árvores, passam a ser ocupados por pelo colorido das lonas, toldos e guarda sois amarelos, azuis, vermelhos e pretos. Cotidiano é marcado matutinamente por esse tipo de ritual que parece marcar um novo significado para o referido espaço, é quando o vazio passa a adquirir o significado de lugar de trabalho. Por esses momentos ocorrem os atos de transporte, montagem das estruturas da barracas e montagem e colocação das lonas de forma similar a descrita por Cosme (2011) em seu trabalho sobre o comércio de rua na Cidade de São Luís-MA.

Imagem 4 - Montagem das barracas

Imagem 4 - Montagem das barracas

Foto: Pereira, 2015

Na imagem 4 é enquadrado um processo de montagem[8] nos qual podemos destacar o senhor ajeitando a mesa, um carrinho utilizado pelo mesmo no transporte dos produtos e uma lona que serve para aprimorar o local de trabalho. Ao lado uma caixa de água mineral (de outro vendedor) e duas mesinhas já montadas com DVDs de músicas, filmes e games. Percebemos que há uma relação entre as localizações onde ocorrem as montagens dos comércios de rua com os respectivos tipos de consumidores.

Nesse sentido, a referida imagem representa a situação das montagens das barracas atrás das paradas de ônibus, locais geralmente acionados pelos próprios usuários dos transporte público e transeuntes que costumam consumir água mineral, DVDs piratas, controle remotos, lanternas e outros produtos menores que podem ser facilmente transportados e negociados de forma rápida. Assim, pode-se dizer que as relações sociais estabelecidas nesses espaços próximos à parada são marcadamente percebidas pela maior velocidade e dinamicidade das relações de consumo, que podem ocorrer tanto no próprio local, como em movimento ou em outros locais.

Entre vários comerciantes observados, nos aproximamos do Senhor Evaldo, um comerciante de rua que monta sua mesinha próximo à outra banca de revistas do lado oposto do praça. Para ele, o referido trabalho serve como uma complementação da renda, pois trabalha até as 12 horas por considerar o turno mais movimentado do local. Se pela manhã passa o tempo vendendo artigos utilitários (acessórios de cabelo, controles...), pela tarde trabalha com fotografias. Nascido na cidade de Esperantinópolis-MA, ele chegou em Imperatriz em 1972, com o intuito de trabalhar. Chegou a ter uma loja na rua Ceará, mas teve que fechar porque o fraco movimento o impedia de conseguir pagar o aluguel e ainda manter lucro, portanto preferiu deslocar-se para a praça.[9]

Assim como Senhor Evaldo, verificamos que outros também chegaram no referido local em período próximo. No mesmo ano, o taxista Bernardo Brito se estabeleceu ali. Mais adiante, em 1982 outro senhor chamado José chegava da cidade de Caxias-MA para Imperatriz. Em 1986, o senhor Paulo (Dono de um lanchonete próxima ao Colégio Mourão Rangel ) chegava do Rio de Janeiro para Imperatriz. Esse conjunto de atores não podem ser dissociados de um processo de migração que marca a cidade, pois "foi entre 1970 e 1980 que o município de Imperatriz experimentou seu maior crescimento populacional, de 80.827 para 220.095 habitantes, acréscimo de 172%(FRANKLIN, 2004, p.174).

Imagem 5 – Transporte de caixas com salgados

Imagem 5 – Transporte de caixas com salgados

Fonte: Pereira, 2015.

Com uma forma simples e de fácil deslocamento, o comércio de rua também preenche uma área mais arborizada, localizada a uns 10 metros atrás da parada de ônibus. Delimitada por um meio-fio branco, se constitui ali um território de consumo rápido e de espera, propiciada pela existência de um banquinho e do próprio meio-fio que às vezes também é utilizado como banco. Na imagem 5 notamos uma situação, com uma senhora de camisa rosa transportando uma caixa com salgados, um homem de camisa azul deixando outra caixa com salgados, no local onde será montada a estrutura de venda. Observamos ainda mais uma barraca de lanche vermelha, um transeunte e dois senhores sentados, um deles em um banquinho e outro no meio-fio. É o tipo de imagem que demonstra vários sentidos e territorialidades disputadas no mesmo espaço, entre antigos moradores e transeuntes que tomam a praça pela sua função primeira, e comerciantes cuja existência quase sempre está associada a um contexto de precarização das formas de trabalho e estratégia de sobrevivência, vinculada a contextos de crise ou adquirida pela forma de habitus ( BOURDIEU, 2002).

O tipo de vestimenta dos trabalhadores do comércio de rua é bastante variável, alguns usam bastante proteção contra o sol, outros - geralmente mulheres- usam peças de roupas mais reduzidas e há casos de tipo de trabalhadores que possuem um tipo de fardamento padronizado com o nome do negócio[10].

Entre esses comerciantes de rua é possível visualizar um tipo mais especifico caracterizado pela venda de refeições como “paneladas[11]”, “cozidões” e carne frita - servidas para os trabalhadores das lojas próximas, ou para pessoas de outras cidades, que chegam para passar o dia e resolver determinados problemas em Imperatriz. Diferentemente daquele tipo de relação mais dinâmica descrita anteriormente, a experiência de almoçar nesse estabelecimento no espaço da praça é marcada por outro ritmo e velocidade, já que uma quase condição para o consumo é sentar em um banco de plástico, fornecido pelo próprio comerciante e esperar que a moça (imagem 7) explique o menu do dia e monte o prato de acordo com a escolha do cliente. Entre as cadeiras é comum observar pessoas com fardas de lojas, ou pessoas que vieram resolver alguma coisa no banco da Caixa Econômica Federal, nas clínicas médicas ou outros serviços localizados nas áreas circunvizinhas à praça.

Imagems 6 e 7 - Comercio de rua montagem e divisão do trabalho

Imagems 6 e 7 - Comercio de rua montagem e divisão do trabalho Imagems 6 e 7 - Comercio de rua montagem e divisão do trabalho

Fontes: Pereira, 2015

Sobre esse tipo de comércio, as imagem 6 e 7 demonstram o momento da montagem (transporte do material e organização da estrutura física). Primeiramente com um comerciante que prepara um balde de lixo vazio enquanto apoia o corpo sobre as peças de uma estrutura de proteção contra o sol. Na segunda imagem observa-se uma divisão do trabalho que possibilita uma melhor compreensão da dinâmica das relações sociais que garantem a existência desse comércio: o homem que usa uma farda amarela de seu próprio negócio monta a estrutura, enquanto entregador de uma empresa de gás abastece o comerciante local. O homem de amarelo, na verdade, é uma espécie de caixa, administrador e organizador do negócio, tendo a função de montar a estrutura, receber os valores dos clientes e fornecer o troco, enquanto a mulher possui uma função diretamente vinculada à preparação dos alimentos e ao contato direto com os clientes- explicando os pratos e servindo-os. A composição das imagens 6 e 7, com as lojas ao fundo, indica também outro tipo de relação e divisão de trabalho entre o comerciante e outros trabalhadores, que sentam nos bancos para almoçar e ter condições físico- biológicas de avançar as horas do dia por aqueles territórios.

Além desse tipo de comércio descrito, que geralmente perdura até o almoço e primeiras horas da tarde, é importante falar das tendas de café da manhã (imagem 8) cuja movimentação ocorre, principalmente, nas primeiras horas das manhãs, na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Pernambuco.

Imagem 8- Tenda de Café da manhã

Imagem 8- Tenda de Café da manhã

Foto: Pereira,2015

Local onde é possível escolher dois produtos entre as opções de café, sucos, salgados e bolos pelo valor de R$ 5,00. São oferecidos sucos de acerola, cajá, maracujá, café, bolos de milho, de trigo, pão com carne e salgados, para transeuntes e trabalhadores que geralmente iniciam sua jornada cotidiana por aqueles territórios. Na imagem 8 é possível observar pessoas sentadas ao redor da tenda e barraca de café, ao lado da montagem de uma barraca de comércio informal ao lado esquerdo da banca de revista, e a própria banca que representa um tipo de comercio fixo - os três tipos agrupados abaixo das copa da árvore.

Um detalhe importante é o tripé preto com um refletor no canto direto da imagem, apontando o trabalho de uma jornalista que na situação fazia um flash ao vivo da Praça Brasil para aparecer no telejornal matinal - sinalizando, entre outras coisas, uma importância desse espaço para a representação local a respeito da cidade de Imperatriz, Toda essa dinâmica de montagem dos comércios pode ser visualizada também na descrição extraída do caderno de campo de Natália Mendes Texeira, segundo a pesquisadora:

Vendedores chegam à pé carregando banquinhos e o material de venda. Um vendedor chegando de carro e montando estrutura de comida (churrasco/arroz). Os lanches se instalam mais cedo há nove barracas de lanche para duas de camelô/utilitários, um vendedor transeunte. Alguns poucos transeuntes lanchando (tomando café). Às 7:37 o chamado churrasco grego (carne expressa) montava sua estrutura. Garis ao centro superior oram de mãos dadas antes de mais um dia de trabalho. A praça é o ponto de partida de seu trabalho. Dois ficam, os outros se espalham. Casa do artesão já aberta às 07:46. Lanches dos quiosque já abertos. Barraca do “portal da sorte” já montada. (trecho do caderno de campo 07:31 do dia 08/01/15)

Por essas observações, notamos que a praça funciona como um verdadeiro sistema no qual as localizações espaciais estão diretamente vinculadas a determinadas expectativas de ações sociais, ou seja, possuem um sentido riquíssimo para a compreensão da lógica que movimenta e configura a Praça Brasil. A localizações em relação às arvores, à Avenida Getulio Vargas, ao colégio Mourão Rangel e a outros comércios são fundamentais para a compreensão das concentrações de pessoas e dinâmica do comércio. Em um escala micro, a organização espacial em relação aos bancos, da praça ou dos locais que vendem comida também sinalizam um fator de concentração, só que temporária.

O trecho mais vazio da praça é justamente aquele mais distanciado da Avenida Getulio Vargas e das ruas paralelas (Pernambuco e Paraíba). Em tais espaços internos do logradouro é possível notar outras velocidades e sentidos de uso social do espaço, expressos nos mendigos, senhores, trabalhadores e jovens namorados que buscam descanso e lazer nos espaços arborizados e protegidos do sol.

Imagem 9 -Exclusão social Imagem 10 - Lazer e Sociabilidade

Imagem 9 -Exclusão social Imagem 10 - Lazer e Sociabilidade

Fonte: Mendes, 2015 Fonte: Mendes, 2015

Nesse sentido, a imagem 9 demonstra um mendigo deitado na parte mais central da praça, nas primeiras horas da manhã. Já a imagem 10 registra trabalhadores locais jogando uma partida de domino após o almoço, às 14:57. Tratam-se de fotografias que apontam para outras formas práticas vinculadas às necessidades e saberes atrelados aos cotidiano dos atores registrados: os vínculos entre trabalho e lazer, e também entre a rua e exclusão social - situações opostas em termos de relação entre sociabilidade e integração social, ou seja, o espaço do jogo pode ser compreendido como de socialização de informações e criação de laços, enquanto a imagem 9 aponta, justamente, o movimento contrário (menor socialização e maior exclusão).

Enfim, é possível notar que para cada uma das pessoas ou grupo de pessoas, essa praça tem uma representação, um olhar colocado, um enquadramento. Há em cada um, diversas formas de apropriação do mesmo lugar que varia de acordo com as trajetórias de cada ator. Nesse sentido, observamos casos como o do Senhor José que, natural de Caxias, chegou em Imperatriz em 1982 e trabalha na praça a mais de 10 anos. Para esse trabalhador “O que movimenta essa praça são os passageiros do dia a dia que a gente espera pra transportar pra onde eles querem... o nosso alvo aqui é os passageiros que vem pra transportar no dia a dia.” (06/03/15). Além de ser um exemplo de migração, para esse trabalhador a percepção da praça está diretamente associada à sua própria forma de sobrevivência, ou seja, tal local é incorporado à trajetória do agente por meio da experiência cotidiana e no significado desta para o mesmo.

Já Marcela, transeunte que mora num bairro distante e vem estudar no centro todos os dias e também vendia frutas na praça desde os nove anos reclama: “no meu bairro não tem banco”, e ao mesmo tempo quando pergunto qual a importância dessa praça ela diz “é importante porque tem um banco e eu tenho conta aí” (02/03/14). Ao contrário de Seu José, o banco é o que atrai Marcela. Também discorda quanto a violência e arborização, para ela hoje a praça é menos violeta e mais arborizada. Seu Paulo, dono de um quiosque de lanche, também defende: “A praça está deteriorada” (08/01/15).

Conclusão

A Praça Brasil é o espaço onde ocorrem várias ocasiões sociais e situações que adquirem cotidianamente um aspecto rotineiro que só pode ser compreendido por meio da inserção do pesquisador, no dia a dia das práticas sociais desenvolvidas ali. Trata-se assim da construção de múltiplas territorialidades constituídas a partir das relações estabelecidas entre os transeuntes, e diferentes modalidades de comerciantes cujas formas de classificação, trajetórias e cotidiano convergem, em determinado momento, para o espaço da Praça.

É também o local de satisfação de interesses e consequentemente de concentração de pessoas. Nesse sentido, ao pensá-la em relação às áreas circunvizinhas e também aos tipos de serviços que são oferecidos no local, é possível discorrer sobre algumas lógicas de agrupamento dos atores. Assim, embora seja o local do cotidiano e das diferentes formas de organização de trabalho e percepções, é também o local do extraordinário, do meda da violência, das concentrações públicas em protesto de determinadas causas, é o local da memória onde alguns prefeitos tentaram deixar suas marcas, por meio das reformas na estrutura. Mas também simboliza um momento histórico de expansão urbana da cidade de Imperatriz, momento da chegada de grande contingente de imigrantes.

Enfim, a centralidade histórica, espacial e a concentração de determinados tipos de serviços possibilitou pensar a praça enquanto local de satisfação dos interesses de diferentes atores e, consequentemente, constituída de diferentes territorialidades construídas a por meio do dia a dia das pessoas que buscam aquele espaço para montar suas barracas de vendas, dos motoristas de taxi cujo sentido é a busca de passageiros, transeuntes que buscam os serviços oferecidos no local ou passagem para as áreas circunvizinhas e etc.. Assim, por meio da Praça Brasil é possível realizar a leitura: de uma história da expansão urbana da cidade, sobre o dia a dia de atores comuns, transeuntes e comerciantes que conferem a dimensão social para o referido espaço, transformando-o em lugar de sociabilidade e trabalho.




Referência Bibliografias

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Outros documentos:

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[1] Essa avenida é cortada por inúmeras transversais que receberam o nome de 14 estados brasileiros.

[2] Durante o mandato entre 1970 e 1973.

[3] O referido Fórum era composto por empresários, funcionários públicos e advogados, entre os quais se destacou Ulisses de Azevedo Braga, que também se notabilizou localmente por colaborar com os jornais locais, escrevendo artigos que versavam sobre questões sociais, políticas e de direitos humanos. O prestigio local desse agente culminou com o convite para ocupar a cadeira número 3 da Academia Imperatrizense de Letras.

[4] Segundo a Lei Complementar Estadual n° 89 de 2005 a sede da região metropoliatna seria em Imperatriz, e os municipios seriam:Senador La Rocque, Buritirana, Davinópolis, Governador Edison Lobão, Montes Altos e Ribamar Fiquene.

[5] Segundo Cosme(2010) o fenômeno da informalidade não pode ser apenas perpassado pela utilização categórica de um conceito universal, ou seja, existem formas e mais formas da chamada informalidade. Dessa forma seria necessário um debate epistemológico sobre a construção social da categoria.

[6] Citação extraída da reportagem de Carla Rejane" Polícia faz segurança na cidade através de unidades móveis

As unidades móveis estão montadas na Beira-Rio, Praça dos Três Poderes e na Praça de Fátima." publicada no site http://www.jupiter.com.br/jupiter/portal/noticia/id/27222 em28/09/2012 09:33:47 e acessado em 20 de agosto de 2015.

[7] Consultando o caderno de Campo de Natalia Mendes (17:14 de 13/02/2015)têm-se a seguinte narração: "Fomos buscar conversar com o senhor dono da banca de revista próxima ao posto de taxi, ele também se negou, sob a alegação de ter problemas de audição e diz ter dificuldade de nos compreender, embora ele estivesse claramente nos entendendo, e com um sorriso nos dispensasse sua expressão era de timidez insinuando que não havia nada que pudesse nos ajudar."

[8] Esse processo de montagem também é verificado nas imagens 6 e 7.

[9] Informações sobre os atores sociais da praça foram coletadas a partir de diálogos informais rápidos para que não prejudicássemos os mesmos em suas atividades laborais. Por conta disso, houve certa dificuldade na identificação completa dos nomes, sendo considerado a forma como eles se apresentavam e como eram chamados por outros.

[10] Não se pode inferir muito sobre a forma de se vestir dos trabalhadores, nos restando apenas algumas hipóteses como: a adaptação ou não a exposição ao sol, o desejo de apresentar um serviço diferenciado, a necessidade de maior ventilação no corpo.

[11] Comida típica de Imperatriz. Pode ser mais bem verificada no documentário De Costas Pra Rua - um filme sobre Panelada, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zdTos-tKhpM