Duas regiões quilombolas a caminho do litoral do Rio Grande do Sul




Luiz Eduardo Robinson Achutti [!]



Este conjunto de vinte fotografias é uma parte do material fotografado em duas regiões quilombolas distantes 50 km da cidade de Porto Alegre, RS para a pesquisa “Etologia do sono humano: um estudo do processo evolutivo do sono em ambientes de luz natural e artificial”.

Trata-se de uma pesquisa da área médica, do Laboratório de Cronobiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre/ UFRGS; Faculdade de Medicina da UFRGS; Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria (CAPES nota 7), de autoria dos professores Maria Paz Loayza Hidalgo, Rosa Levandovski, Till Roenneberg em colaboração com Professores José Roberto Goldim, Elaine Elisabetsky e Betina Tschiedel Martau.

Este projeto tem como objetivo principal analisar o padrão de sono-vigília em diferentes níveis de exposição à iluminação natural e artificial. Muitas condições modernas resultam em perda crônica de sono e ainda não sabemos o quanto e como este estilo de vida tem repercutido na fisiologia humana. Por exemplo, cerca de 80% da população precisa de um despertador para acordar nos dias de trabalho a fim de exercer suas atividades laborais ao longo do dia. Isto significa que estamos interrompendo o sono. Alem disso, o uso de iluminação elétrica durante o período do escuro altera a produção de substâncias como a melatonina. No Brasil passamos por um momento impar devido a atual política governamental de que todo cidadão terá direito a luz elétrica, portanto este momento histórico do nosso país proporciona uma situação única para acompanhar o efeito desta medida. Assim, as comunidades quilombolas no Rio Grande do Sul são uma situação privilegiada (talvez a melhor no mundo todo) para resgatar as mudanças que ocorreram no nosso padrão de sono da era pré-elétricidade para as condições modernas atuais. As diferentes comunidades vivem em diferentes estágios de modernização - da completa falta de acesso à energia elétrica, passando por casos de recente disponibilidade de luz artificial chegando a comunidades em que se vive perto de cidades sob condições modernas. Por isto é fundamental a caracterização, bem como deixar um registro histórico das diferentes comunidades que estão em rápida transformação. Assim o método proposto pela foetnografia vem ao encontro das necessidades de fazer este registro e construir esta memoria.

Uma experiência nova para a minha Fotoetnografia que pela primeira vez se afasta da Antropologia como núcleo central. Esta via de interdisciplinaridade tem sido um campo rico de possibilidades ao atender este chamado de colaboração.

Dois núcleos populacionais pequenos que vivem em condições muito difíceis do ponto de vista da infraestrutura em geral e das necessidades mais básicas. De toda a maneira um campo rico no que tange aos contornos culturais e a acolhida por parte das pessoas que habitam.

Texto: Maria Paz Loayza Hidalgo e Luiz Eduardo Robinson Achutti




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