SABERES TRADICIONAIS, MEMÓRIA E O COTIDIANO INFANTIL




Daniel dos Santos Fernandes [!]



A interação entre o meio ambiente e as populações tradicionais facilita com que desde a infância busquem no espaço vivido o amalgama, através de suas experiências próximas, os elementos para a construção desta categoria social e histórica. O modo como determinadas comunidades ratificam em suas estruturas mentais o processo de memorialização de suas infâncias, os cotidianos familiares, as relações sociais passa pela ideia da construção coletiva da infância.

O espaço, a coletivação dos modos de brincar insiste, através das práticas infantis, em negar as marcas de dominação e exclusão social que tornam-se cada vez mais presente nas populações tradicionais, através de lógicas exógenas que chegam as essas comunidades facilitadas pela construção das estradas no lugar dos rios, como meio de chegada e saída desses espaços. Ao conversarem trocam sabres locais, experiências que ajudaram na construção do ser autóctone, fazendo de suas infâncias o momento de desenvolvimento de seus traços culturais.

Possivelmente estas experiências da infância, o fazer coletivo possibilitarão o dialogo entre o passado e um futuro que com rapidez lhes é apresentado, de maneira abrupta. Marcando a construção das personalidades socioculturais, relações intra e intergeracionais e suas ações com a comunidade nas quais estejam inseridos, levando seus saberes apreendidos.




...Esses saberes são apenas passíveis de serem transmitidos dentro do meio para o qual factos e palavras, símbolos e hierarquias foram emergindo da memória social colectiva. Se não há uma materialidade que corresponda aos símbolos que moram na consciência e no inconsciente da criança, esses saberes acabam por ser apenas uma metáfora que divide o entretenimento, até uma parte dominar a outra...(ITURRA, 2002, p.140)



A prática do fabricar carrinhos de madeira de brinquedo começa com o corte e a retirada da madeira que servirá para a construção do artefato. Neste ensaio mostro esta fase e a distribuição do trabalho coletivo, as aparentes funções dos menores e maiores que envolvem este processo. Uma sequência narrativa fotográfica a partir de uma etnografia feita com crianças, em novembro de 2014, no Distrito de Vila do Carmo do Tocantins, Cametá (PA).



REFERÊNCIAS

ITURRA, Raúl. A epistemologia da infância: ensaio de antropologia da educação. Educação, Sociedades & Culturas, nº 17, 2002, pp. 135-153.




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